Espero que nunca se lembrem de vir à minha rua cortar as árvores, a que fica dois prédios abaixo do meu tem uma pernada pendurada que costuma cumprimentar-me com um afago na cabeça, as folhas emaranhadas no cabelo a custar deixar seguir, e a que está em frente à minha casa, à janela do escritório, onde a secretária está colocada e me sento para a poder ver entre as cortinas quando páro de escrever e lhe falo, sabe-me tanto quanto o silêncio do não dizer, sabe-me por dentro, conhece-me os gritos, os abraços, tem-me as horas guardadas nas de noite de pé e nas de dia feitas em noite e ainda todas as que se querem num avesso, tem-me gratidões de oferta nos gatos arriba em upas ou alívios de perna alçada a outros tantos Gaspares e salvação de sombra, de apoio, de coio, de musa, de letras quando me fujo e escondo para me apanhar.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
-
Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
Sem comentários:
Enviar um comentário