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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Lisboando, Cartas a um Amigo



Meu Caro, como vais?
 
Espero que esta te encontre sadio e calmo, tempero costumado pelo cenário a plano medido dos Alentejos terrenos donde não queres largar pé nem mão, pois melhor do que eu, este teu velho amigo arrasta-se pela Capital como os pombos nativos.
Já reparaste nestas aves? Não voam, caminham. E fazem-no na imitação do homem, garanto, atiram-se ao asfalto no destemor de veículos e turbe em hora de cheia, uma perdição que me tem posto a pensar.
 
Será a mutação das espécies? O ajustar ao século que nos condiciona os hábitos e faz esquecer para o que cada um nasce?
 
Ando a pensar em arranjar montaria, mas o preço do fardo da palha é um estouro e o desperdício levar-me-ía a consequências evidentes junto dos serviços camarários.
Assim sendo, ergo o nariz e cobiço D. João à Figueira, D. José ali ao Comércio, bravos equídeos.
Temo, porém que um pouco imóveis.
E um pouco dados à convivência com as ditas aves caminhantes, que afinal até esvoaçam à altura da garupa.
 
Que seja, meu amigo, Lisboando.
 
Recebe um abraço do teu sempre,
 
 
 
Fotografia de Eduardo Jorge Silva

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