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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

C782 - Perseguições




Todos a bordo, todos entrados ou todos a monte, tudo isto significa portas fechadas, vamos embora que é uma pressa, que mesmo em Agosto isto não há pachorra para estar a pasmar e ver as modas ou as pernas às estrangeiras que a hora tão matutina já dão ao canelo de sandália e soquete e vergadas na mochila que sorriem incansavelmente, mesmo assim caminham mais rápido que nós e ainda se debatem no mapa admirando arquitecturas ou calçadas pisadas, que continuadamente são desmanteladas para depois se refazerem. (Para quê nunca ninguém percebeu, mas estamos todos acostumados a esta velha tradição, por isso cumpra-se).
Pára e arranca, pára e não anda. Anda e soluça. E depois anda e mais e mais ainda e como se lhe desse o vento de feição ganha ânimo e não quer saber de qualquer limite e livre, solta cavalos e cá vamos nós, de dedo no STOP, de voz clamada, há quem grite Chefe, outros Patrão, elas preferem Sr. Motorista ou até Ai Jesus, mas está imparável! Pintou-se-lhe um filme de James Bond e na tela imaginada debate-se pela caça ao inimigo, lado a lado, C782 contra o C728.
É a loucura, o frissom, os travões a chiar e alguns que seguem de pé a abraçarem os varões de apoio para não serem ejectados, os mais novos vibram, um passageiro generoso oferece um punho ao queixo do condutor.
Calmaria.
Pasmaceira.
Dissolvida a película, seguimos a passo de caracol.
Passam dois ciclistas que nos dizem adeus.
 
 
 
(in As fantásticas aventuras do C782, Agosto 2014)