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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Olhar com vista sobre o Rio (7)



 
Ouvi o marinheiro dizer que hoje há calor mas não precisava de o ter escutado, já te conheço o tule branco sobre a polpa da água, um disfarçe muito teu para os de fora e rio-me por dentro a pensar nos estrangeiros que se façam a esta margem, fechada, desaparecida espero, engolida como nunca existida, uma ponte para o nada ou então um desenho inventado para um sitio que se podía imaginar belo e verdejante de um pedaço de terra que podía ser.
 
Podía ser que talvez um dia tivesse aqui existido ponta de lingua que falasse em apoio de água tua no ventre-terra da mulher que se deita de lado e tu serías rio e só por isso haveríam olhares para esta margem.
 
Embarco, encacilho-me, levantas o véu para os aços da ponte e descobres vaidoso a prata que te faz o reflexo do teu espelho-água.
Tiro as luvas e o cachecol, desaperto o casaco e deixo fazeres-me a travessia.
 
 
(in Olhar com vista sobre o Rio, 2012)

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