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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Que dia é hoje?


 
Há uma confusão a ser preenchida com discussão. Porque não a houve. Ainda. Porque não chegou o dia de acontecer o equívoco que desencadeará palavras que ficarão coladas no céu da boca como um sarro gorduroso de uma comida mal aquecida e outras que ganharão velocidade e ímpeto suficiente para saírem pelos cantos sem que mão alguma as consiga proteger na antevisão do estrago que ao tombarem no chão, espezinhadas, irão atrás de todos aqueles que por ali passarem, pararem, até mesmo os que hesitantes no segundo, desacelerarem o passo e apenas escutarem a interjeição, coladas nas solas, seguindo como rasto peganhento até rapadas num degrau de sitio escuro e desparecerem como se nada se houvesse passado.
 
Nesse dia, quando acontecer, irão perguntar-se mudamente que dia é hoje, que dia sería aquele para nunca mais o esquecerem. E perguntados no dia seguinte, mudamente, talvez se digam que nada daquilo devería ter acontecido. Podería ter acontecido. Havía razão suficiente e bastante para ter acontecido. E esperam nunca mais o esquecer para nunca mais o repetir.
 
Nesse dia, em que tudo aconteceu, em que uma discussão nasceu de um equívoco por falta de palavras à conta da demasia de outras e em que uma grande confusão se gerou sem proveito nenhum para ninguém, perguntando que dia fora aquele, toda a gente se afastará, rapará com o sapato num degrau de um sitio escuro e dirá que é dia para esquecer.

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