Bom dia, café, pão, dinheiro, balcão vazio, ela veio e tocou os dedos na minha mão, olhei-a nos olhos pisados, de que cor são os olhos dela, procuro sempre a cor dos olhos e os dela são da cor do rio, fala baixo e a rispidez caracteristica fugiu-lhe.
Tenho sempre uma grande dificuldade em fingir que não sou inteligente.
Rio, nem sequer evito a gargalhada e quase me engasgo com o gole, pede-me perdão pela leviandade e que provavelmente não se terá referido a si como uma pessoa modesta, quero eu justificá-la entendendo-a mas ela prossegue e segura-me a mão.
Sinto-me num mundo pequeno em que muitos não me compreendem.
Ah mas eu compreendo-a, também eu não sou daqui quero eu dizer, mas não tenho lugar à minha fala que chegam outros clientes e ela larga-me, põe o ar fechado de sempre, bate com o manípulo da máquina do café e violentamente roda-o ao encaixe, dá os bons-dias a quem lhe paga e aviados oferece-me um sorriso.
Não me leve a mal, mas isto é um mundo solitário e pensam que por eu estar aqui a tirar bicas não sei de nada.
Agora, olhos nos olhos, já sei de que cor ela tem os olhos vou poder dizer-lhe
Vá-se embora, é o seu barco.
Sem comentários:
Enviar um comentário