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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Truques na perfeição




A uma certa altura deixa de ter importância a forma como os outros nos vêem e mais ainda, a maneira como os outros pesam as nossas opiniões e a nossa conduta. Não sei se esse é o estádio perfeito da maturidade, aliás nem sei se há um tempo certo para atingirmos a perfeição, porque toda a minha vida fui compelida a procurá-la e só me tornei mais defeituosa.
Ao contrário de mim, os meus de mim, nada buscaram, ou pelo menos, não demonstraram essa intenção, para piorar ou melhorar as suas condições de vida. Não envelheceram, se bem que alguns já morreram (e até a buscaram propositadamente). O saber chegou-lhes através da análise da passagem da vida, calmamente, sem correrias nem pressas nem considerações atabalhoadas. Outros, não pensam nisso, não querem pensar nisso, não devem pensar nisso pois levá-los-á redutoramente ao seu fim. A lógica é-lhes como o ar, não necessitam de filosofias.
Há ainda um e outro que encaram tudo desprendidamente, um laboratório de emoções. Mas um medo terrível do sentir, do gostar, do gostar-se sobretudo. Envergonham-se.
São tudo truques.
Claro e escuro.
Uma fotografia a preto e branco que devería entreter por muitas horas ao ser colorida à mão.
Como gosto eu desta multidão. Que por vezes me exaspera e me enoja. Me seduz e me faz vibrar até as lágrimas não se aguentarem. Que condeno e reprovo e critico e apoio e consolo e me faz perder noites.
São truques da alma.
É a perfeição da loucura.

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