Perguntaram-me se ainda atravesso o Tejo, uma forma elegante de me questionarem quanto às palavras que parecem ter morrido antes de se pronunciarem no silêncio gravado das páginas, ou ainda que faço eu para justificar o tempo fugido, já que parece que não faço nada. Não faço nada. Escrevo. Metros de linhas que se vão enrolando para evitar o amachucamento do esquecer pelas coisas que deslizam entre dedos. Coisas e eu. Se bem que de repente, deixou de ter importância a ordem do eu no caos das coisas por haver muito de desordem no meu peito. E ainda assim, escrevo, risco o rio inventando histórias para o manter tão verdadeiro quanto liquido, desfaço-me das coisas, o caos tão apetecível .
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
9 comentários:
Se for a desordem no peito que a faz escrever, nunca o arrume completamente.
Acho que vou continuar a seguir as travessias do Tejo. Gostei da sensação.
É para isso a escrita, tantas vezes: para servir o que não é. E assim se atravessa o rio.
Gostei daqui :)
AC,
Nem a desordem no peito se arruma, nem o Tejo me cansa. Que já em tempos idos aqui disse, que era altura de o descansar. Mas o amor é mais sentencioso e o encanto do Rio bate muitas decisões.
Fa menor,
A escrita é sempre para servir o que se quer, seja para exorcisar seja para brindar.
Obrigado, volta quando te apetecer.
Querida Gasolina
Sempre atravesso o rio Tejo na tua companhia... e sou um felizardo pois não há melhor companhia do que a tua para o fazer...
Quantos às saudades... também as vu "matando" pouco a pouco com as memórias do teu olhar e do teu sorriso.
Beijinho em ti.
Eu preciso desta escrita, às vezes, para matar a sede.
saudades.
Vicktor,
Idas e vindas, já tu o disseste, em caminhos comuns.
Saudades sim, muitas, que devagar transformo em doces.
Um beijo
Laura,
Tempos de regresso, de cuidar da Árvore, também eu de a beber.
Abraço apertado.
E também admiro, gosto e preciso do teu Rio de Palavras. É tão bom que o caudal volte a subir um pouco, ou muito, como tu quiseres.
Um beijo
marisa
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