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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Senta, vamos conversar

Sabes, se há dias em que as palavras estão bem arrumadas, tenho a noção concreta sobre a escolha do que publico ou se desperto a meio da noite e escrevo porque me incomoda dormir com o texto a servir de almofada, hoje, é daquelas vezes em que tanta coisa há que hesito...
Já te aconteceu?
E o que fazes? Atiras com qualquer coisa cá para fora e reservas as outras estórias para momentos de crise? Ou não fazes nada? Nada de nada?
Sabes do que falo?
Pois é...
Mas eu sei o que quero dizer e até como dizer, mas é tudo tão importante que não me apetece deixar nada para trás!
Foi por isso que te pedi que viesses, que me ouvisses sentado, olhos nos olhos, mesmo que o silêncio venha daí e te sintas comprometido porque te peço opinião, ainda mais tu sabendo como eu dispenso conselhos mas também sabes o que me agrada nestas conversas, o contar, o pormenor de uma e outra coisinha intima, as reacções, a tua observação vagarosa à espera dos meus repiques ou do arregalar de olhos, o debate, depois a tua palma sobre a minha mão a aquietar-me nos voos...
Que achas?
Podía escrever sobre a chuva ou sobre o facto de me atrasar porque persigo cães vadios e esqueço as horas e o autocarro ou então sobre as saudades. É verdade, saudades, há gente de quem gosto e que parece ter-se simplesmente evaporado como se eu não existisse... Achas que se lembram de mim? É verdade, tens razão, ou não sou lá muito de cumprir a etiqueta e devolver telefonemas ou mandar mails ou responder naqueles prazos entre aspas politicamente correctos... Olha, e se escrevesse sobre ela? Na coincidência de lhe dizer o nome e a voz dela aparecer como um sol a encher-me de perguntas, a fazer crescer cá por dentro (sim, no peito, pois então!) braçados e braçados de cerejas comidas até encher a boca e depois traquinas, cuspir os caroços num concurso de distância?! Ou falar de como ela é em palco... Enorme e tremenda, deixa a pele lá, à mistura com arrepios e palavras e sai-se com a sensação de que lhe trouxemos um pedaço...
Também podía voltar a escrever sobre cópias, plágios, essas merdas. Uma infâmia. Sabes que até aquele aviso que tenho no meu blog sobre os direitos de autor me copiaram na íntegra? Isso mesmo, uma pequenez.
Uma falta de tudo, tens razão, mas há uma coisa que ninguém consegue roubar-me: as palavras que tenho em mim e os eus todos que andam à bulha cá por dentro, nem uma bruxa adivinha o que tenho cá dentro, ri, podes rir... Se eu tivesse mais tempo pregava-lhes uma partida!
Queres saber qual? AH! Não vou dizer!
O tempo, o tempo, o tempo, sempre esta correría, maldito adversário, injusto adversário, faz-me ser queixinhas e desfiar verbos sobre um lamento que não tem remédio!
O tempo é mau, não é? Até a ti, pensei eu que só o tempo me amarfanhava... tenho medo que me faça esquecer os sons, os cheiros, exactamente aquilo de que tu falas... falas pouco, na verdade, e eu aproveito todas as migalhinhas de ti, todas, são-me importantes e tu sabes. TU sabes ponto.
Então? Não dizes nada???

13 comentários:

Teresa Durães disse...

por vezes, cinco minutos do nosso dia fazem parar o tempo. mesmo que os outros não o compreendam

marisa disse...

eu sento-me e sentar-me-ei sempre contigo, para te ouvir, a ti e aos teus eus, para conversarmos, mesmo em silêncio, mesmo à distância.
beijo
a dos pezinhos de lã

Gasolina disse...

Teresa,

Toda a diferença.
Mas parece que já ninguém tem tempo para ninguém. Ou pelo menos parece ter deixado de ter importância.

Gasolina disse...

Marisa,

E eu a ti.
Sem relógios, sem datas marcadas para tal.

Desde que nos apeteça e queiramos, não é a distância que nos vence.

Um beijo, sempre a sentir-te perto.

Vicktor Reis disse...

Querida Gasolina
Isto do tempo que passa deixa-nos, por vezes, atordoados... mas é mesmo assim...
Contudo, quando aqui venho "o tempo parece que para" e um sentimento a alternar entre a tranquilidade e a agitação faz-nos sentir bem, vivos...
És magnífica no teu escrever... gosto de ti, ponto!
Beijinhos.

santiago disse...

oiço-te. chamaste e eu vim. não, nunca me esqueci de ti. nem eu nem os meus outros eus.

oiço-te. mas não, não ponho a minha mão sobre a tua a aquietar-te os voos. a incentivar-tos sim.

sim, voas cada vez mais alto e eu levanto a cabeça a olhar-te. lá em cima, muito, muito em cima. voa, voa mais, voa sempre. eu olho-te cá de baixo. pesam-me as grilhetas. não posso seguir-te.

Carla disse...

eu digo...sentei-me aqui em silêncio a ler-te e devorei as palavras porque as entendi como se minhas fossem
...e depois esse plágio de quem não respeita o que é nosso...afinal basta pedir, não é
beijos e bom fds

Heduardo Kiesse disse...

"...há uma coisa que ninguém consegue roubar-me: as palavras que tenho em mim e os eus todos que andam à bulha cá por dentro..."

uma admirável sensibilidade e transparência!!! preciosa e oportuna!!

abraço fraterno


e saio deliciado....

Heduardo Kiesse disse...

só mais um beijo!

Gasolina disse...

Victor,

A mim o correr do tempo atordoa-me sempre, sempre. Parece que não consigo poupá-lo, só um gasto desmesurado...

Mas é tudo muito relativo, não é?

Obrigado por sentires e dizeres isso da Árvore, é bom sabê-lo.

Também eu gosto muito de ti ponto.

Um beijo Querido Victor.

Gasolina disse...

Santiago,

Ainda bem que viestes, ainda bem que me ouviste, ainda bem que estás aqui e não te esqueceste.

Mas se não voas comigo, desço eu, quebro as correntes que te prendem e trago-te comigo até lá bem alto onde o ar é raro.

Um beijo para ti

Gasolina disse...

Carla,

É sempre tão compensador saber que o que escrevemos serve a outros, que nos entendem.

Quanto aos plágios... já foram tantos e de tão má memória. Mas o que dói mesmo é sabê-los nas mãos de quem não entende o que levou e que são aplaudidos por alguns "ilustres" daqui desta "nossa" praça.

beijo na tempestade

Gasolina disse...

ParadoXos,
(2em1)

Sê bem chegado a esta Árvore.

Obrigado pelos adjectivos, um pouco demasiado, creio... mas que agradeço.

Volta quando te apetecer.

Fica bem, abraço.