Era noite quando desligou o computador e verificou as gavetas e portas fechadas.
Acenou ao segurança que fazia a ronda dizendo-lhe que ía.
Carregou no botão de chamada do elevador e confirmou que havia trazido as chaves do carro, a bolsa e o saco que sempre transportava.
Entrou no elevador e após ter passado os dois primeiros andares no sentido descendente, apressou-se a tirar os sapatos e a abrir o saco que prendia com força na mão esquerda. Descalça, retirou daí uma caixa de cartão forte atada com uma fita de cetim negro e com os olhos brilhantes e um sorriso malicioso, fez luz sobre uns sapatos pretos de assinatura italiana.
Calçou-os e a sua expressão alterou-se completamente.
Por detrás dos óculos de massa castanha havia um fogo que lhe repuxava os olhos, o cabelo sempre penteado da mesma forma recta parecia ter ganho movimento e o tailleur de um triste cinzento sem qualquer adorno tinha-se transformado em tom de prata.
Guardou os sapatos que usava todos os dias, todas as semanas.
Mirou no espelho a sua imagem e passou as mãos devagar desde os tornozelos até às coxas e sentiu-se a dona do mundo.
Irresistível e fatal.
É que aqueles que agora a elevavam com num pedestal não eram um par de sapatos comum: eram em cetim com uma pequena jóia em forma de cobra do lado exterior deixando antever o recorte dos dedos dos pés como um decote generoso.
E o salto rematava em agulha de aço acrescentando à sua altura mais uns 9 cms.
Olhou o painel do elevador e preparou-se para a saída na terceira e ultima cave.
Beliscou as maçãs do rosto e apertou os lábios um no outro trazendo à face um carmim natural.
As portas do elevador fecharam atrás de si com um estalo metálico e antes de avançar rodou a cabeça para um lado e outro certificando-se da sua solidão naquela luz pardacenta. Depois avançou calmamente e após ter passado alguns pilares correu em passinhos pequeninos e apressados martelando o cimento do chão com um som semelhante a um código morse. Viu uns sinais de luzes a piscarem rápido na penumbra e para aí se dirigiu. A porta de trás do lado direito desse carro fantasma abriu-se e ela esgueirou-se para o seu interior.
Acenou ao segurança que fazia a ronda dizendo-lhe que ía.
Carregou no botão de chamada do elevador e confirmou que havia trazido as chaves do carro, a bolsa e o saco que sempre transportava.
Entrou no elevador e após ter passado os dois primeiros andares no sentido descendente, apressou-se a tirar os sapatos e a abrir o saco que prendia com força na mão esquerda. Descalça, retirou daí uma caixa de cartão forte atada com uma fita de cetim negro e com os olhos brilhantes e um sorriso malicioso, fez luz sobre uns sapatos pretos de assinatura italiana.
Calçou-os e a sua expressão alterou-se completamente.
Por detrás dos óculos de massa castanha havia um fogo que lhe repuxava os olhos, o cabelo sempre penteado da mesma forma recta parecia ter ganho movimento e o tailleur de um triste cinzento sem qualquer adorno tinha-se transformado em tom de prata.
Guardou os sapatos que usava todos os dias, todas as semanas.
Mirou no espelho a sua imagem e passou as mãos devagar desde os tornozelos até às coxas e sentiu-se a dona do mundo.
Irresistível e fatal.
É que aqueles que agora a elevavam com num pedestal não eram um par de sapatos comum: eram em cetim com uma pequena jóia em forma de cobra do lado exterior deixando antever o recorte dos dedos dos pés como um decote generoso.
E o salto rematava em agulha de aço acrescentando à sua altura mais uns 9 cms.
Olhou o painel do elevador e preparou-se para a saída na terceira e ultima cave.
Beliscou as maçãs do rosto e apertou os lábios um no outro trazendo à face um carmim natural.
As portas do elevador fecharam atrás de si com um estalo metálico e antes de avançar rodou a cabeça para um lado e outro certificando-se da sua solidão naquela luz pardacenta. Depois avançou calmamente e após ter passado alguns pilares correu em passinhos pequeninos e apressados martelando o cimento do chão com um som semelhante a um código morse. Viu uns sinais de luzes a piscarem rápido na penumbra e para aí se dirigiu. A porta de trás do lado direito desse carro fantasma abriu-se e ela esgueirou-se para o seu interior.
.
(Continua)
10 comentários:
fico a aguardar o resto da história
Teresa,
Essa garantia posso dar.
Não já, já... mas o programa segue dentro de momentos.
Sapatos de um outro mundo... também espero, isto é esperarei.
bj.
Querida Gasolina
Esse será sem dúvida o sentir de uma doce bailarina ao calçar os seus sapatos de pontas. Por certo que o seu corpo esguio se eleva muito mais do que os nove centímetros dos saltos afiados. Sente-se portentosa (dominadora?)angelical (sensual?)... ah bela bailarina!!!!
Beijinhos.
PS com ansiedade desejo ler belas palavras inspiradas.
BELLISSIMO!!!
DEPOIS DAS "SANDÁLIAS DO PESCADOR"... "OS SALTOS ALTOS DA PECADORA"? PECADORA SÓ A BRINCAR, QUE A MOÇA (ATÉ AGORA) NADA FEZ DE ERRADO!
E TB. ME LEMBREI DOS "TACONES LEJANOS" DO ALMODOVAR...
TODOS OS INGREDIENTES NAS DOSES CERTAS, OS PORMENORES DESCRITOS QUASE À ESCALA MICROSCÓPICA! PARA SEREM APRECIADOS COM A LUPA DA ALMA!
ISTO VAI SER UM ÊXITO DE BILHETEIRA! UM CANDIDATO AOS ÓSCARES!
BEIJINHO DE SALTO RASO (SENÃO NÃO PASSAVA PELAS PORTAS ;)....
vidas... solidões...
bom fim de semana
Mateso,
Dentro em breve mais um pedaço.
Depois o dirás se são de outro mundo.
Beijo AZul.
Victor,
Meu querido: tudo isso e muito mais.
Voa-se.
Um beijo imenso por tudo o que me tens dado, obrigado.
ASPÁSIA,
EHEHEHE!
A SEU TEMPO VEREMOS SE É OU NÃO PECADORA!
ÊXITOS? NÃO OS PROCURO. BASTA QUE ME DIVIRTA.
UM BEIJO EM PONTAS QUE A JARDINEIRA É ESPIGADA!
Outono Desconhecido,
Olá.
São vidas, sim.
Mas... Solidões???
(não percebi)
Bom fds
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