Nessa noite decidiu que tinha de a conhecer, mas de perto, falar com ela, tocá-la e muito principalmente constatar que aquilo que o peitoril da varanda dela escondia não era uma cauda de peixe, mas um par de pernas altas e finas que lhe davam aquela imagem de estátua comprida.
Procurou e sondou e foi bater-lhe à porta às véspera de uma nova lua cheia.
Ela abriu apenas uma fresta da porta, protegida por uma corrente de segurança e sorriu-lhe.
Ele respirou de alivio ao verificar duas pernas que se erguiam do chão de madeira, como estacas que aguentam uma roseira carregada. O sorriso aberto e franco emoldurava-se nuns lábios carnudos de uma pele tão fina que brilhava. Pediu para entrar e ía começar a explicar-lhe que era o vizinho do prédio da frente mas ela fechou-lhe a porta. Ele sentiu o mundo a abrir-se e a despenhar-se naquele buraco imaginário. Pelo menos talvez acabassem agora aqueles pesadelos medonhos…
Rodou o sentido dos pés para seguir o seu caminho e esquecer aquele episódio mas, surpreendido ouviu a voz que meses antes o tinha despertado numa noite de verão; olhou para trás e viu-a de porta aberta, camisola de cavas, delineando a silhueta esguia e alta. Ela fez um gesto com a mão convidando-o a entrar, que ele devagar demorou a compreender por lhe parecer uma fantasia impossível de realizar.
Ela fechou a porta e abraçou-o: ele sentiu os seios dela muito duros, compactos contra o seu tronco.
Beijou-a, apertando-a contra si, testas ao mesmo nível, a respiração no ouvido um do outro, o calor numa troca de vontade igual. As mãos dele tomaram numa brutalidade o peito dela, que sussurrava e repetia “vai, vai”. Tirou a camisola e lançou-a para o espaço: ele ficou ali a admirar o que apenas tinha visto ao longe, aqueles pequenos triângulos de bikini marcados a branco por uma falta de sol. Ela sacudiu a cabeleira e meneou a cabeça à esquerda, os lábios dele entreabriram-se para em pequenos pedaços de pele apertada passar a língua quente e húmida. E demorou-se a pô-la fora de si e a ele também. Despiu-se e preparado para concretizar o que nunca tinha conseguido nos seus sonhos e pesadelos, rodou-a e tomou-a de costas procurando uma entrada suave.
De olhos fechados completamente esquecido das escamas da cauda do seu imaginário, passou as mãos pelas nádegas dela, firmes e macias e apontando a sua vontade avançou decidido.
Mas sentiu-se resvalar como uma travagem brusca na gravilha solta…Tentou novamente e de novo o mesmo e ela a arfar pela demora do que queria.
Ele então, de palma aberta tocou-a pelo meio das pernas altas e sem abrir os olhos espantou-se por encontrar o caminho fechado.
Rodou-a, agitando a cabeleira dela pela volta brusca.
E gritou que o que estava à sua frente não era uma sereia com cauda de peixe era um homo erectus com tronco de mulher.
Procurou e sondou e foi bater-lhe à porta às véspera de uma nova lua cheia.
Ela abriu apenas uma fresta da porta, protegida por uma corrente de segurança e sorriu-lhe.
Ele respirou de alivio ao verificar duas pernas que se erguiam do chão de madeira, como estacas que aguentam uma roseira carregada. O sorriso aberto e franco emoldurava-se nuns lábios carnudos de uma pele tão fina que brilhava. Pediu para entrar e ía começar a explicar-lhe que era o vizinho do prédio da frente mas ela fechou-lhe a porta. Ele sentiu o mundo a abrir-se e a despenhar-se naquele buraco imaginário. Pelo menos talvez acabassem agora aqueles pesadelos medonhos…
Rodou o sentido dos pés para seguir o seu caminho e esquecer aquele episódio mas, surpreendido ouviu a voz que meses antes o tinha despertado numa noite de verão; olhou para trás e viu-a de porta aberta, camisola de cavas, delineando a silhueta esguia e alta. Ela fez um gesto com a mão convidando-o a entrar, que ele devagar demorou a compreender por lhe parecer uma fantasia impossível de realizar.
Ela fechou a porta e abraçou-o: ele sentiu os seios dela muito duros, compactos contra o seu tronco.
Beijou-a, apertando-a contra si, testas ao mesmo nível, a respiração no ouvido um do outro, o calor numa troca de vontade igual. As mãos dele tomaram numa brutalidade o peito dela, que sussurrava e repetia “vai, vai”. Tirou a camisola e lançou-a para o espaço: ele ficou ali a admirar o que apenas tinha visto ao longe, aqueles pequenos triângulos de bikini marcados a branco por uma falta de sol. Ela sacudiu a cabeleira e meneou a cabeça à esquerda, os lábios dele entreabriram-se para em pequenos pedaços de pele apertada passar a língua quente e húmida. E demorou-se a pô-la fora de si e a ele também. Despiu-se e preparado para concretizar o que nunca tinha conseguido nos seus sonhos e pesadelos, rodou-a e tomou-a de costas procurando uma entrada suave.
De olhos fechados completamente esquecido das escamas da cauda do seu imaginário, passou as mãos pelas nádegas dela, firmes e macias e apontando a sua vontade avançou decidido.
Mas sentiu-se resvalar como uma travagem brusca na gravilha solta…Tentou novamente e de novo o mesmo e ela a arfar pela demora do que queria.
Ele então, de palma aberta tocou-a pelo meio das pernas altas e sem abrir os olhos espantou-se por encontrar o caminho fechado.
Rodou-a, agitando a cabeleira dela pela volta brusca.
E gritou que o que estava à sua frente não era uma sereia com cauda de peixe era um homo erectus com tronco de mulher.
.
(in Contos da Fogueira, C.G.-20/11/2005)
14 comentários:
Surpresa das surpresas...
:)
Gosto de ti por seres assim
Beijo
As aparências enganam. Adorei este conto :)
Bjks
As sereias têm precisamente o propósito de serem à vista um encanto para os de carácter fraco. Perseguem, seduzem nas mais variadas fantasias, um ventre a oferecer-se inesgotável, flores colhidas à cobardia, uma quinta igual à do vizinho, uma casa da mesma cor, os dias passados a chafurdar no estrume da ciumeira.
Esparrinham-se no chão uma vez apanhadas na pura imitação dos cantos e limitam-se a mudar de instalações, soprando ventos que em lugar de serem brisas enfunam e entopem discernimentos vitais quando se lhes dá a importância imerecida.
Vê-se tudo quando a mente é clara como o dia, não na ilusão da luz de uma vela ardendo no derreter da cera a consumir devagar as linhas tortas que querem a todo o custo ser direitas. Atraem a atenção como se atrai a mosca à teia trajando-se em linguagem tosca e ridiculamente incapaz do mínimo de perspicácia na mestria do disfarce. Num ápice, o derreter lento é substituído por um recolher da destreza e do suposto talento cujo lugar que melhor lhe assenta é a lixeira.
Era uma vez uma sereia…
De homo erectus acabou em malmequer...
Le nôtre
Monnlight,
Nem tudo o que parece, é.
Aliás, ao longe, de uma varanda ou camarote tudo parece sempre mais bonito.
Não se consegue aperceber que as "escamas" abundam...
Um beijo de quem muito gosta de ti também.
Papagueno,
E há quem viva apenas e exclsuivamente das aparências.
Azar, quando se chega perto!
Um beijo para o Bairro.
M.,
Aplaudo-te de pé.
Que mais poderei dizer?
... malmequer desfolhado, muito, pouco e Nada.
Bisou(s)
Querida Gasolina
Percorrer ardentemente os rumos da fantasia, da distância sentida, leva-nos muitas vezes a caminhos insuspeitados, a veredas tão estreitas que dificilmente se encontra espaço para a realidade.
Quando na aproximação se descortina a realidade é. por vezes. difícil retroceder. A mente debate-se, então, entre seguir o desejo cegamente ou retroceder no preconceito do momento.
Belíssimo texto este que connosco partilhas.
Beijinhos.
Victor,
A verdade é que o mundo está "polvilhado" de sereias, dos que parecem mas não são.
E digo polvilhados pois não ocupam que isso: pó.
Concordo plenamente contigo quanto à fatalidade do caminho que se percorre e no recuo se encolhe para o abismo. Mas aí... bom a cada um de decidir o seu rumo.
Um beijo enorme em ti pelas tuas carinhosas palavras.
QUE GRANDE IMAGINAÇÃO... ESTÁ MUIOT BOM, MUITO MISTERIOSO, MUITO SENSUAL, ESTE CONTO!
E EU A JULGAR QUE TU ERAS MAIS AMIGA DAS LUSAS TÁGIDES QUE DAS HELÉNICAS SEREIAS!!!
BEM, MAS COMO ULISSES "FUNDOU" LISBOA, AÍ ESTÁ A EXPLICAÇÃO! ;))...
BEIJO SEM ESCAMAS :)
ASPÁSIA,
EU SOU AMIGA DE QUEM MEU AMIGO MERECER SER!
E TAMBÉM DE TRITÕES, UNICÓRNIOS, DUENDES E ALGUMAS BRUXAS PODEROSAS COM QUEM COSTUMO FAZER CORRIDAS DE VASSOURA.
MAS DE SEREIAS NÃO... SABES QUE AQUELA COISA DE CANTAR PARA ENCANTAR NO ENGANO E ATIRAR A NAU AO SEPULCRO NÃO É DE MEU GÉNERO...
mAS PARA O ULISSES A MINHA VÉNIA.
E PARA TI QUE A MERECES TODA!
SENHORA... POR QUEM SOIS.
MEU BEIJO
SÓ P DIZER QUE LI A RESPOSTA! E JÁ ME RI COM AS CORRIDAS DE VASSOURA... TENS DE EVOLUIR PARA ASPIRADOR ;))...
BEIJINHO AQUÉM-TEJO :)
ASPÁSIA
A VASSOURA TEM UM CHARME QUE A MODERNIDADE DO ASPIRADOR NÃO POSSUI.
E DEPOIS, CONVENHAMOS, A VASSOURA TEM MUITO MAIS UTILIDADES, DESDE O CABO ATÉ À RAMA.
BEIJO DESTE LADO PARA A PENHA
também não gosto de sereias, essas pseudo-mulheres. de bruxas sempre gostei, as mulheres iluminadas da idade média, que tanto medo metiam a alguns (muitos) homens...e gosto de corridas de vassouras também!
adorei o conto. estive ausente mas estou a pôr em dia a leitura das tuas palavras alinhadas com a mestria a que já nos habituaste.
beijos
marisa
Marisa,
Senti a tua falta.
Até do som dos pézinhos de lã.
Também eu gosto muito de bruxas: são verdadeiras, são o que são, não se fazem de outra coisa se não do que são mesmo. Por isso tanto medo! É que a verdade assusta tanto!
Obrigado pelo teu carinho.
Um beijo, muito feliz.
Enviar um comentário