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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Alforria

Apesar de conscientemente saber que o dia havería de chegar, a expectativa e ansiedade reduziam a antecipação do acto numa alegria duvidosa, afinal sempre tudo parecera tão distante, uma coisa boa que só aos outros acontece, na verdade uma infantilidade que me desculpava o receio mal escondido, um sorriso disfarçado, e vai que nesta dicotomia o dia chegou mesmo. Livre. Livre. Livre e dona de mim, senhora do meu nariz, "quando for grande não hei-de nunca comer peixe, nunca!!!", ou qualquer outra parvoeira que se promete na adolescência tenrinha. Afinal aqui cheguei e estou livre, ou nem tanto, sinto o mesmo que ontem, apenas um papel a garantir que estou livre de patrão. Ou não, que agora sou patroa de mim mesma, o pior carrasco que já aguentei.