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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Casa vazia

Num repente ficou tudo silencioso. Acabaram as renovações, a ânsia da arrumação e limpeza, ninguém vem, só o medo de apanhar o vírus que ainda paira por aí. Suspiro. Num repente suspiro. Num repente sinto o peito oco. Será que dói... ou não é dor, apenas a ausência, a falta das suas patas macias, o pedido de colo, uma ou duas lambidelas (é assim que te beijo, é asim que digo que te amo desde que me aconchegaste ao pescoço e fiz-te minha mãe), não há nada agora. É uma casa vazia que mora no meu coração, tento não lembrar, sentir de novo o seu corpo junto ao meu. E quanto mais me esforço para esquecer mais recordo, mais sentido se torna o sentir da sua falta. Talvez o meu coração tenha ido com ele, nada mais ficou no peito, nem mesmo uma dor que me reconfortasse a lembrar que aqui morou. Não voltarei a ser quem era. E nem disso tenho certeza.