Embrulho a noite, retomo velhos hábitos de esquecer números de horas ou estas perderem a noção de quem sou e apertadas entre badaladas que já não ouço misturo-me a fantasmas aqui e ali conforme o interesse da conversa, o motivo das mãos ocupadas, o tique curioso, aos poucos escrevo, páro muito, perco-me muito, fico muito para trás destas criaturas invisíveis, não é cansaço é demasiado para um mortal querer ter a frescura da infância na memória madura e o comportamento trai-se pela velocidade com que a mudança dos sentires entre planaltos de tempo se alternam, parece que afinal sempre ouço as badaladas, eles é que ignoram e seguem com as suas conversas não fazendo caso às horas, melhor para eles que não se distraiem em linhas escritas e a fidelidade dos números deixam para mim, presa ao momento de quando terá acontecido.
Quando foi?
Desembrulho o dia, as cortinas permaneceram sempre estáticas deixando a noite abundar-se e agora encher-se de luz fina, só eu, um caderno, poucas linhas aproveitadas de tanto escrito sobre um hábito revisitado em que converso comigo, lá atrás, a entender-me numa rebeldia veloz de sentimentos que pareciam não caber dentro de mim. Até hoje transbordam[-nos].
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