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domingo, 3 de abril de 2016

Das portas & janelas - Vol.2 - Esboço nº 5



Nunca foi lá essas coisas, é verdade, passava até despercebida, muito alta, pequena demais para que alguém se prestasse ao incómodo de revirar e atirar a vista ao alto, ninguém esperaria um rasgão numa parede, não é assim? Pois é como lhe digo, nunca chamou a atenção, depois a cor que a ladeava, sabe também importa c'os diabos! Mas nada apelativa, nem branco, nem amarelo, nem rosa, um caiado a ir-se para o desmaiado que lembrava o frontispício de um hospital e o gentio passava de cabeça baixa, está-se a ver! Mais uma razão para ninguém a mirar! Mas é como lhe digo, ele há coisas assim na vida: Há-de perguntar-me então, porque faço eu tamanho rodeio à volta de uma janelinha insignificante, não é assim?! Pois aqui é que a história se anima! Veja bem, eu era um mafarrico nesse tempo, rapazola de boa vida, fisga no bolso, olho bom na mira e a toleima dos tempos era apostar quem acertava nas vidraças! Ele realmente! Espere, espere, que isto não fica por aqui! Apontei à janelita e tinha tudo enquadrado, estiquei o elástico, puxei o cotovelo atrás... mas não fui capaz! Se o amigo a visse nesse tempo... Apareceu-me à janela a rapariga mais bonita que eu já tinha visto na minha vida! Palavra! Fiquei pasmo a olhar para o que vi amigo! Sabe o que descobri? Que as janelas não interessam nada, nadinha mesmo! Mas são as pessoas que as fazem interessantes e por isso, agora perco-me de amores por todas as janelas que vejo! Nunca se sabe quando irão aparecer! Quem irá aparecer!?


(in Das portas & janelas-Vol.2, Julho-2015)

 
Todas as fotografias da Colecção Das portas & janelas-Vol.2 são da autoria de Eduardo Jorge Silva

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