Mais do que o costume, ontem estiveste comigo. Talvez a adivinhar as horas em que haveríamos de estar juntas, eu nos teus braços, tu de olhar analítico a observar se eu estava completa. Faz hoje anos que nasci e a tua companhia ausenta-se em mim tão mais profundamente quanto a memória que te tenho. Acho que o que sinto falta mesmo, hoje, é tu vires pela manhã até à minha cama e dizeres baixinho parabéns. Parabéns. E eu preguiçosa, esconder-me sob o quente da roupa, enrolar-me e depois esticar-me e dizer coisas ininteligíveis.
Não sei se me visses agora se me acharías completa, afinal é tudo tão relativo e os meus cem anos ou mil ou cinco não acompanharam as tuas rugas, os teus sinais de mais saber, tenho vindo a aprender tudo sozinha, trabalhos inacabados de quem sou digo-te eu, tanto a descobrir.
Não vieste à minha cama esta manhã. Mas eu digo obrigado.
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