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domingo, 15 de novembro de 2015

Vidros



 
Basta uma palavra, uma sugestão nas palavras que se arredam na ponta da língua como sopro invisível, uma suspensão do discurso à espera que o outro adivinhe no receio da materialização do verbo e o cristal do momento parte-se, nada mais se escuta para além dos cacos, dos gestos sem som a prenderem o braço e os olhos muito abertos a pedirem calma, contenção na atitude, palavras e mais palavras que se enrolam como fios muito finos fabricando um casulo de miséria e ira, sob os pés os cortes sangrentos do saber a dilacerarem canelas, abdómen, peito até enfraquecerem a garganta e nada se poder responder.
Basta.
Agarram-se os pedaços caídos das reticências, cacos de cristal adivinhados e como todos os vidros, todas as palavras que contam veneno, não passam de coisa quebrada, defeituosa. De uma aresta faz-se uma arma.
 
 

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