Que incomodativa. Mal chega para mim e ainda vem esta pôr-se de cotovelos espetados no meu espaço, respirar o meu ar, sem dizer palavra plantou-se, sentou-se, foi-me empurrando de anca e aos poucos no assento ganha-me o lugar. O tempo. O tempo a passar e eu nada. Não faço nada, olho o ar, olho-a e admiro-lhe o silêncio do desplante de me tomar, a progressão da conquista e o destrono da minha concentração, não tem noção da inconveniência e os meus afazeres, a obrigação da hora de serviço, hierarquias, essas coisas do cumprir para cima com nome de compromissos. Olho-a, está ausente ocupando a minha cadeira e eu já de pé ao seu lado, ela na folha branca que rapou das minhas mãos sem eu a ter. Aguarda-me na hesitação da minha fala, esperamo-nos: Eu na cena que assisto, ela por alguém que não lhe chega.
Afinal não há letras no papel, o incómodo dela é ter chegado antes do cenário da partida, ainda cá estou, não seremos duas, há um narrador a contar e por vezes as aparências iludem.
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