Vou embora com a sensação de ter deixado qualquer coisa muito importante por fazer [até amanhã a todos], já ontem o mesmo e provavelmente esta agonia da falta vai durar até sentir que o deixar é haver nada por fazer porque não há [recolho o eco como a folha do dia arrancada, que bem que me faría se ainda houvessem calendários de folhas penduradas, encaracoladas nos cantos de tanto de se levantarem as pontas molhadas de saliva à procura do dia especial], o dia fecha-se com tudo do todo possível, restos permanecem agarrados ao que eu gostaria e isso não passa da minha imaginação [olho as biqueiras dos sapatos a despacharem ligeiro os passos e a ganharem distância do que deixei por fazer], fora isso o caderno entre fronteiras, clandestino, escondido na carteira insinua-se no que se despede e no que desejo, no que não há e sinto falta [vejo as minhas mãos desocupadas do que tanto quería mostrar em palmas estendidas], saio, portas fecham-se nas minhas costas, não ouço nada, não quero nada, tudo me é solitário desde que perdi o que não tenho a fazer.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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