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sábado, 8 de agosto de 2015

Portas & Janelas - Esboço nº 21



É por esta razão que as escrevo.
A simplória e ridícula bonomia de as olhar e no debrum amarelo sem outros atavios à vista sentirmo-nos contentes, quase limpos da sua espalmada frieza devolver a imitação do sol, dias felizes, pessoas felizes que adivinho lá por dentro laboriosamente cativando-se para manter tão simples e pleno quanto transpira a sua janela.
Resguardadamente felizes, escrevo no entrançado dos fios de crochet em serões em que a chuva pica a vidraça, cânticos, talvez não julguem a poesia porque não a sabem, há muito mais no silêncio das palavras dos olhares trocados ou das esperas das cortinas já terminadas em que afastam no pedacinho para reconhecer se vem a chegar. Ainda não, poesia do olhar, ainda não, barra amarela a condizer com saias que se usam no Verão.
É por razão nenhuma que as escrevo, é porque as gosto de olhar e adivinhar gente feliz e comum, gente que chora e pinta contornos em amarelo à espera de dias de riso.
 
 
 
(in Portas & Janelas, Outubro-2014)

Todas as fotografias da Colecção Portas & Janelas são da autoria de Eduardo Jorge Silva

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