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sábado, 29 de agosto de 2015

Diário de uma omnipresença




O meu Pai referia algumas vezes que quem pretendia sentar-se em duas cadeiras ao mesmo tempo acabava mal sentado. No principio do entendimento às suas palavras, eu achava aquilo um tremendo disparate, coisa de adulto, coisa de pessoa velha, como todos são velhos à vista dos que têm mais anos que nós. Mas à medida que a compreensão foi crescendo dentro de mim, percebi finalmente o que queríam dizer duas cadeiras para uma só pessoa com um único traseiro: É que dedicar a atenção a mais que um objectivo não sai tarefa perfeita.
Ora isto para quem é perfeccionista, é exacerbar até ao limite.
E tão ao extremo que acaba mal, faz envenenar como todos os vícios.
Não me curei, confesso, mas aprendi na maior parte, a dosear e até a ponderar se tão paternais e sábias palavras [ainda se me]aplicam, pois a multiplicação a que a vida obriga no cumprimento rigoroso de tantos e tão diversos actos, sempre com elegância, disponibilidade empurram no silêncio dos segundos antes do dormir para a pergunta se estou toda ou se omnipresenças, alguma de mim adormeceu estoirada entre cadeiras...

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