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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Campo de Palavras (23)



Refresco a boca nas horas que dilaceram as sombras a pino nas palavras que se multiplicam como exércitos, a mim a tarefa da formação, organização, quería eu um verbo livre mas sem rédea nada mais que a loucura, tantos gritos campo fora numa correria desenfreada de cada um dizer mais alto.
E o encantamento desta liberdade é que cada um parece dizer melhor que o outro, enamorar-me da sua bravura do contar, uniformes azul-china que pelejam ágeis para me impressionar, um e outro ferem-se na audácia de uma vida conquistada para além deste campo, eu no alto da colina cobardemente deslumbrada.
Sinto-lhes os golpes, esta morfina do verbo que alivia e embriaga transformando limites de folha branca em planos de céu, antes de eu caír pelos joelhos a pedir perdão aos que deixo ficar por agora conduzo as palavras que precisam, que eu preciso para molhar a garganta de tanto dizer.
A quietude que assenta como um pano a abafar todo este campo de palavras depois da batalha deixa-me quase dormente. Imóvel. Talvez tenha lá ficado, a mão que segura a caneta, presa sob algum corpo parecido com o meu.

2 comentários:

Teresa Durães disse...

O verbo sempre foi poderoso.

Gasolina disse...

E sempre assim será Teresa.
Quem o ache pouco é tolo.