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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Morte lenta



Tanto ir e regressar, tanto falar, tanto calar, tanta semana, tamanho cansaço que já nem reconheço nele a fartura dos dias, um a seguir ao outro, aonde é que começou o que detesto e me meti na fila de prato na mão à espera do bocado, tanto pior que nem fome há, um enjoo de voltas que recomeçam onde findam e me armadilho presa na rotina sem conseguir dar o pulo para saír, digo cansaços e amanhã encaro como o diferente, adiamentos de consolo que empurro com a barriga dilatada enganando fastios na parecença saciada da coisa mal digerida, tudo igual em todos os dias, eu em todos a mesma de todos os dias, passos que me usam para ir e de regresso guardam-se para voltar a ir, emaranho-me no casulo e confundo dores com cansaço, cansaço com sonos, olhos cerrados com sonhos que desejo inventar e não consigo trazer, um pesadelo que houvesse para estremecer e perguntar-me dos dias e das noites por dormir e da falta destes, haver espaço no pouco espaço da rotina de tanta semana amachucada entre amanhã diferente. Tapo os números do calendário com uma folha de papel branca e todos os dias de promessa desaparecem. É hoje que rasgo este invólucro e me retomo o poder.

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