Louca.
Doida, libertina, a-sem-arte.
A divina, a inspirada, a bela, diáfana encantatória que traz na leveza dos movimentos a luz que se liberta ao espaço dançado.
Talvez os gregos te reprovem. Te voltem as costas e neguem a inspiração que afirmas neles a origem encontrada. Não te condeno o engenho, a descoberta e a alegria de dançares à volta de ti mesma fascinada pelo teu próprio corpo, tu em ti, o que consegues fazer e contar na graciosidade replicada do que a vida obriga a esconder sob olhos fechados. Não tu, olhos abertos, contorcionismos e ligeirezas, amplitudes e por vezes um quase nada, um só escorregar de tecido, brincadeiras e no final coisa tão séria é. O corpo é enorme Isadora. Exaltações. Que poder.
Louca. Que poder. Descobrir a loucura da dança na obscenidade dos pés nus. Parabéns, conseguiste arrancar uma venda colada a olhos moribundos e trazer claridade à evidência. E nunca ninguém a tinha visto. Tão próximo que dava medo de sentir.
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