Vento, demasiado vento, fuma mais o vento que o meu prazer, assim nem as gaivotas terão o tempo de aqui vir para dois dedos de conversa, levadas na brincadeira dos corredores do vento andam entretidas a desfilar modelos cor de fumo, cinzas que riscam no céu azul grafitis que se evaporam aos olhos a procurar horizontes plurais, uma perdição quando não se sabe o que se procura.
O vento traz o som mais próximo. Perde-se a vista ganha-se o escutar, até os navios felizes a acenarem a chegada na mão do comandante deixam sentir vivas do porto a encostar o bojo ao casco, roçam-se, digo-lhes adeus num aceno de braço ao alto, talvez o olhar deles atinja o meu horizonte e não se tenha esfumado na ventania que teima, o meu cigarro exala o sinal de fumo, serei farol, da luz o Sol que não tem medo de ares loucos.
O piado da gaivota desacerta o voo feliz. Parece desgraça.
Não há navios, só um terraço de betão com vista para uma longa fila de trânsito.
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