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quinta-feira, 12 de março de 2015

Mãos [Pousadas]


 
Hoje farei delas mãos cansadas.
De preferência pousadas no regaço. Elegantemente, os dedos entrelaçados como se tudo tivesse sido feito com tempo e apenas lhes restassem ficarem como complemento de final de mangas debruadas a rendas finas para serem admiradas, um ponto de interesse, um objecto de culto, um foco de luz sobre mãos paradas sem nada que fazer.
Pousadas.
Até talvez esquecidas de tarefas árduas de puxar, levantar, erguer tombos de criança ou abraçar despedidas ou tricotar cachecóis ou preparar pão com manteiga ou defender golpes de sol da vista ou segurar o rosto que a si também beija.
Cansadas. Farei delas mãos fingidamente cansadas, que não suportam mais o peso da caneta, o segurá-la e dividir a mãos tantas aquilo que é seu.
 
 

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