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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Chão [da noite]



Não tenho medo. Nem frio. Como vês, parágrafos curtos para não dar azo a intimidades. Estas coisas do escuro dão sempre lugar a proximidade, sabes como é, ainda mais numa rua estreita. Nem vivalma. Se me desse agora para o lado do coração era um ror de palavreado, as paredes a encherem-se de letra, já basta os grafitis, não vamos por aí, a noite convida a coisas que quando o fio do dia chega arrependemo-nos e não há como voltar atrás, é um hálito que não se esquece e já to disse, não tenho medo e não pretendo tê-lo. Recuso-me a ter medo do medo. Aliás, vê bem: Nem sombra tenho. Habituei-me a este sentir e já nada me incomoda, até me podem cuspir. Calo-me. Uma tumba. Sei-lhes os passinhos tristes, as alegrias, as bebedeiras, os enganos. O aconchego de quem não vai e me aquece. E por vezes, tantas, me aquece até arrefecer e se esquecer e se fazer chão como eu.
 
 

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