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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Olhar com Vista sobre o Rio (20)



Fundo, tão fundo, vais-me fundo ao peito quanto não te descubro porque me tocas assim.
 
Desta forma tão simples que não entendo para o achamento das palavras certas e só o sorriso me dói ao pensar-te no caír da tardinha e eu cansada, ainda labuto o verbo para o elogio do amor, presa a folhas na mão e à vida noutra, a pensar que não me hei-de ir daqui sem descobrir...
Não sei se são silêncios que me arrancas das mãos ou melodias que me sussurras para distraída me fazer água, o cacilheiro ronca no desaperto dos cabos e eu corro perdida da minha tarefa.
 
Fundo, tão fundo, engoles a caneta que me roubaste. Palavras brancas no meu peito, Rio.
 
 
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)

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