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sábado, 6 de dezembro de 2014

(Apenas) Dormir



Tudo me é perto.
A cova da almofada, moldes desenhados ao hábito do meu rosto e este habituado ao escuro do conhecido e os passos miúdos dos gatos no sobrado antes do salto aconchegado ao ventre ou à curva das pernas e o suspiro profundo do cão na tranquilidade da casa segura, durmam que eu também, e eu, esta noite tudo me é, até pesadelos me são, posso tê-los em terra minha e saber que a mão do meu lado me toca quente no braço a trazer-me, vejo os contornos dos móveis transformarem-se em monstros sem luz e sorrio, deixo-me adormecer na sensação do tempo perdido quando se regressa do banho de mar à areia morna e os sons difusos das ondas a morrerem embalam o corpo mole.
Tudo me é (a)mar.
Nada me pesa, nem corpo, nem dor de saudade, apenas ao horizonte a linha de acordar.

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