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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pedidos



Chegam de todos os lados, cem, mil, um milhão, pedidos por toda uma eternidade, cada um mais urgente que o anterior que era tão importante, não há vazão para tanto, uma maré que alaga e afoga antes que se agarre a bóia que vem no ar e vemos a girar na nossa direcção, quase a segura e depois a nova onda, forte, altaneira, que bate no cachaço e afunda, a salvação fica por lá sem préstimo, pousada nas águas revoltas.
Respirar.
Submerso no que não pára de chegar tenta imobilizar-se o pânico, organizar o pensamento, bater pés para não sucumbir ao fundo e ainda assim, atender ao que se espera, dar sinais de vida.
Escoam-se respostas e chegam cansaços, um oceano de reclamações.
Pede-se mais, pede-se melhor, pede-se mais rápido.
Adrenalinas que gritam, nada-se, velocidades enganosas quando o som vem debaixo.
A praia achada, cem, mil, um milhão de restos repousam e o afogado é apenas mais um pedaço que por lá encalhou.

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