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terça-feira, 18 de novembro de 2014

C782 - AA&RR




Cá vá disto que amanhã não há! É tudo a entrar, motor a rugir, quem está dentro segue, quem se atrasou azar, que o dono do veículo estava a olhar para o outro lado e nem reparou que lhe pediam para abrir a porta, por piedade, só mais um segundo, os bofes de fora e o antipático vai de carregar no acelerador e bem de propósito arranca a largar uma fumarada a pontos de envenenar meia centena de gente!
Facínora!
Se fosse peão, era passar-lhe por cima!
Dizem os que ficaram pendurados, que é como quem diz apeados.
Ninguém diz nada no interior da viatura, tudo animado que hoje segue-se a bom ritmo e o inicio está de feição.
Mas pensamentos não eram tidos, quando um desditoso pedestre se lembra de atravessar - e logo na passadeira! - obrigando o motorista a travar.
Todos pela inércia do movimento se catapultam para a frente, o som da surpresa em coro, o carro que seguia na traseira apita furiosamente, alguém grita cabrão, ninguém sabe a quem mas ouvem-se entrecortadamente és tu, mais buzinas, fila única que a estrada tem dois sentidos inversos e largura mínima, uns quantos pedem para abrir a porta e saír, de quem é a culpa é do carro, não, não é do peão, é do motorista que atropelou duas senhoras...
Há juízes, advogados, autores e réus.
Só não há meio de saírmos daqui.



(in As fantásticas aventuras do C782, Setembro 2014)

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