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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sol de Setembro



 
Apesar de ser outra ainda sería a mesma, contudo não reconhecível à vista desarmada dos olhos, nessa forma desprovida de lentes capazes tão só de captar o que se apresenta, ainda a mesma sob a pele e até a pele tão semelhante, arrepiada, cada poro a afinar-se para sentir mais ou mais sentindo estreitando-se frágil na memória da que se vía por dentro. Ver-se e reflectir-se abraçada nos sons ressoados do silêncio sem necessidade de os haver, mas a imposição muda que grita para dizer no segundo. Gravar. Gravou. Guardou. Desperta-lhe o presente essa vivência arrecadada de perfumes de corpos silenciosos tocados como instrumentos de ressoar no infinito, ouve-lhes os acordes, repete cada sílaba do diálogo que não disse, metade seu, do outro lado podê-lo-ia ter escrito, nada ao acaso se as bocas se beijaram e disseram tudo, ainda se lembra, até das paragens para respirar devagar, mesmo sendo outra havia ar que lhe sumía porque o peito guardava tudo para a de agora, oxigénios que lhe rareiam hoje quando, sentada aproveitando o sol setembrino do final do dia, revisita o passado. 
 
 


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