Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O dia seguinte


 
Dizem que no dia seguinte as coisas são sempre melhores, que o tempo já passou e tudo parece menos mau mas é mentira, a claridade do dia projecta a acidez dos ângulos e o ferimento da luz traz a percepção exacta da profundidade dos golpes desferidos no dia anterior, só então nos apercebemos da gravidade da situação e da realidade dos objectos, da crueza das palavras a ressoarem de novo colocadas na boca dos actores, estes a tomarem conta do guião e mandarem à fava o autor, rasgando folhas ou até mesmo engolindo-as e mastigando-as com raiva suprema, entre passadas largas no palco dominando espaço abrindo ar à força do esbracejado à frente do outro.
Reviver, desarrumações do coração que se procuram no inicio, como tudo começou e por mais que se levante a língua e se trave a lágrima na ponta do dedo e na fungadela do nariz, parece ter-se perdido a bússola da noção do segundo ou apenas a idéia de que francamente falando francamente se aceita o que se ouve. Nem tanto. Nem nunca.

Sem comentários: