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terça-feira, 1 de julho de 2014

Olhar com Vista sobre o Rio (12)




O lado de lá é o meu lado e mesmo este sendo o meu berço há muito que lhe dei costas, talvez por ti que me fazes estrada ou que te fazes separação de amantes tanta é a tua água de lágrimas deitada a correr baixinho na ilusão de quem te chama mar.
 
É por isso que os cais têm essa triste e doce memória das figuras brancas que se emagrecem ao longe, perdem-se no que queremos ficar delas, afinal és só tu a salpicar os olhos de infinita saudade, sei-o por cada vez que aguardo para retornar, dói-me de todas as vezes que parto, e ainda assim o perdão na garganta a dizer-te murmurado que me embalas que por ti valeu tudo, vale tudo.
 
Quantas foram as vezes que te sussurrei o meu amor em fins de tarde de Verão? E quantas te gritei o meu ódio em noites de tempestade? Muitas, tantas, e tu riste e eu também.
 
Mas nunca te disse adeus, nunca te acenei para te guardar como uma recordação que se aprisiona na memória da vontade...
 
Tu sabes bem o que é isto, é mais do que um olhar.
É um fado.
 

(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)

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