Às oito da manhã com tempo para café e riso, houvesse sol ou frio, às oito porque é uma hora bonita, porque o oito deitado é o sinal do infinito tinha ele contado e lembrara-se disso nem sabía porquê, ainda mais porque ela nem sequer havía feito reparo na hora marcada, apenas acenara com o sorriso rasgado e a franja sacudida nos olhos e tinha ficado assim, às oito, num bom-dia de mãos dadas que se entrelaçavam como heras trepadeiras que precisam de muro para crescer pelo dia no vigor da folha que abre em trindade, sem muitas palavras, um código de brilhos a faíscar no olhar penetrando a essência do outro e o outro a dançar no braço levemente agitado como um baloiço empurrado, a felicidade do eu também, eu também, os dois juntos a caminhar num traçado imaginário enquanto alamedas se debruçavam em vénias para um amor às oito, porque às oito é a hora deles, e o sol e o frio é tudo invenção.
Os lábios unem-se demoradamente.
O relógio desliza o ponteiro grande e troa como se o mundo rachasse.
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