Quando me dói escrevo que dói para não me esquecer e não me esqueço mais sobre a razão que me levou a pedir às letras para se juntarem e conversarem comigo. Ajudam-me sempre. A maior das vezes até saram. Tenho umas quantas cicatrizes. Uma ou outra escondo, guardo para o escuro do dedo a lembrança da sua existência. Doutras orgulho-me, deram-me luta na convicção da palavra e do fundamento de que me empenhei sem a teimosia articulada do mero artigo, mas argumentado, testado, comprovado.
Há ainda outras dores que não passam nunca, chegam, vão e regressam ciclicamente como estações do ano. Aprendi com elas, a tomar-lhes conforto no verbo, a enxotá-las quando me carregam demasiado na alma... Mas a todas desenho, declaradamente, figurativamente, jocosamente, com maldição como se de tempero lhes faltasse mais ainda.
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