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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

As conversas são como as cerejas, sobra o caroço (2)



 
Fevereiro, lançamento de um livro de poesia, hora de cocktail, não havía sólidos a fazer companhia para além de muito ruído e algumas gargalhadinhas. Um calor infernal, abram-se as janelas, vedam-se as janelas pelo magote que aí acode, com licença, que isto é pessoal que fuma.
Quando é que isto começa?
Ninguém sabe e ninguém pergunta, circulam-se pernas, comentam-se os últimos livros, as derradeiras escritas, os verbos amachucados por não valerem a semana dedicada, vazam-se copos, esbarra-se neste e naquele grupo, é-se conhecido sem nunca se ter sido, tratam-se de você ou de tu cá tu lá consoante o estilo de linguagem e de roupa, enchem-se copos, não há nada para acompanhar? há pouco parece que me cheirou a pastéis...
- Ahhh Você a dizer-me disso! Havía de ter lido o meu pai!
(E vai de bater ao de leve com o bordo do copo na manga do casaco do outro)
- Pois, talvez...
(E o outro de nariz enfiado no copo)
- Estou a dizer-lhe! O meu pai era Touro! Sabe o que isso significa, não é? Sabe?!
(Som indecifrável)
- Então? TOURO! É o que lhe digo!! E o seu?
- O meu pai é defunto.
 
 

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