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domingo, 21 de julho de 2013

Domingo só



Rápido chega a sensação de desconsolo, uma pastilha mascada que depressa esgota o açucarado e da qual só resta uma borracha que cansa os maxilares à medida do vício de continuadamente se apertar entre dentes o que já nada contém. Sinto-me só aos Domingos, desamparada, como se houvesse promessa de coisa boa, grande expectativa e depois, toma lá, dão-me com a Segunda! E este grande remate, após uma tarde de preparação para a fase depressiva, antecipação do que será a hora do lobo, taciturna e melancólica, cinzenta e silenciosa.
Não quero perturbações, mais do que as turbulências que já ocorrem por dentro, sinto-me só, mas quero-me assim, não sou boa companhia, zanzo pela casa em tarefas invisiveis, não há saídas, não acho graça na comunidade familiar que se desloca ao café em alegre e ruidoso bloco, desconfio-os...
[No Domingo havía festa no coreto do jardim, e lá ao longe a gente ouvía a tuba do Serafim] Canto para mim o que o meu pai e a minha mãe cantavam para mim e que depois eu cantei para o meu irmão e que depois todos cantavamos para nos divertirmos.
Mas este Domingo dói-me, levou-me as notas desta música como o açúcar se foi das chicletes mastigadas e apenas o lobo ficou para me recordar a sua hora.

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