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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Manuel João




Será possível tanto infortunio e malapata atingirem um só individuo e ainda assim a graciosidade, a educação, o gesto simples e desprendido o ocupem tanto quanto o azar, que dos olhos tristes de cão se arqueia a boca para que no contar das suas desventuras consiga arrancar silêncios seguidos de palmas e gargalhadas como se metros de filmes se desembrulhassem imparáveis nos rolos de trapalhadas cada vez mais intricadas para tudo acabar solitariamente, ele, um chapéu de chuva, alguma água, muita água, não forçosamente chuva, os seus botões, uma ladainha de criança que embala e conforta o peito quando o desvario lhe assentaría bem melhor em dia desgarrado, em dia perdido, em cabeça perdida.
Conheci Manuel João num desses dias.
Eu de cabeça perdida.
Correu os botões da minha gabardina a dedo, Rei, Capitão, Soldado, Ladrão, Menina bonita do meu coração, foi assim que começou a estória.

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