Se não ondulasse sería asfalto, se fosse Verão estaría turquesa, invento matéria para te vestir ou para disfarçar o meu frio, porque não me aqueces? Não quero ir, não me deixes ir, se me queres bem não deixes que vá para aquele lado e tu nada, todo escuro, todo mudo, nem sei onde começas e onde termina o céu, estás cosido ao tecto e não te acho ponta no horizonte, deixas-me largada à minha sorte, à minha tristeza, à tosse dos que fingem ainda viver aqui sentados para correrem terra fora mal o barco toque margem certa.
E eu?
Eu não quero ir, ainda podes afundar o cacilheiro, mandar vir um tritão e impôr paragem, derrubares o cristo, eu sei lá, tu podes tudo!
Só me acordas, nem sonhar me deixas, tão pouco me aqueces os sonhos, tão pouco me deste hoje, nem um pouco de azul-verde, só cinza a pintar pesadelos... aviso-te, logo mais no regresso exijo um arco-íris e nem quero saber que seja Inverno!
(in Olhar com vista sobre o Rio, 2012)
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