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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Alucinações de uma vida paralela (4)


Remeter espaços, temporizar batimentos, acertar sílabas, enquadrar sentires, tudo o que me pedem é que represente, represente bem, desenvolta e eficaz, sem falhas na fala e lapsos no enredo, nada de ocupar territórios alheios e sobretudo atenção à sombras! As sombras são muito importantes! AH! As Sombras! As sombras que poderei eventualmente fazer sobre os outros actores da vida. Pedem-me singelamente que desenvolva, evolua, progrida e sorría mas não me deixam dançar. Quieta aí!!! Compostura! Joelhos apertados! Você quer apanhar nas mãos? Ou melhor, nos pés? Tanto se me dá, eu vejo-me por dentro e rio-me, essa loucura é só minha, já pensaram que liberdade fantástica? (Deve ser por isso que há tanto doido). A doida cá dentro cresce como o fermento, a actriz lá fora cresce para os demais, todos estão felizes. Menos eu, hospedeira de todos, saco das vontades de outros, sombra das sombras de outros, de mim, de uns quantos que falam e cantam e não vejo, há esquinas de ruas que já desenhei e nunca lá gastei sapatos, morro em vielas de estórias alheias gastas em horas de minha mão e no entanto acordo e o palco ajeita-se na punição original, quer apanhar nos sonhos?

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