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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Borda d'Água



Que fazer dos provérbios tão sabiamente ajuizados por longos anos de observação e saberes, agora que os sóis e as chuvas resolveram mudar o curso das estações diariamente, surpreendendo todos no desprevenido instante da saída de casa, do emprego, na partida de férias em Agosto, na vindima adiada, no tornado que deve ter sido importado das Américas?!
Queixumes à espera da água caída dos céus e impaciências por esta ainda molhar quando a coleção nova ilumina de cores as montras da loja da esquina. Rezinguices pela fruta de nuestros hermanos, sem aroma nem gosto e impropérios pela miudeza das nossas maçãs de Alcobaça irem a repasto de porcos quando há fome ou o euro dispara o quilo na conta. E memórias, e saudades, e relatos de outros tempos em que fazía calor no Verão e fazía frio no Inverno.
Perseguimos uma melancolia continuada, fabricada na nossa própria convicção e insistentemente cega de que nada podemos fazer e nem somos parte desta revolta da natureza, limitamo-nos a aceitar a condenação de deuses poderosos e invencíveis, a manifestar o nosso desagrado, a construír fortificações que nos protejam mais e melhor. Falamos de antigos provérbios aos mais novos, que não os entendem. E por cada vez que faz calor em Dezembro e neva em Abril, abrimos a boca de espanto e esquecemos de ajuizar para cuidar outro provir.

1 comentário:

o Reverso disse...

provérbios são voz do povo.

a voz do povo é a voz de deus.

uns dizem que deus existe.

outros que não.

quem tem razão?

se existe, fez tanta merda neste mundo que valerá a pena acreditar e seguir a sua voz?

se não existe não há voz para ouvir nem seguir.

assim, ficará simplesmente a voz do povo.

e o povo por vezes dizia coisas acertadas.


dizia...


outras vezes não...