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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O que eu digo, o que tu ouves


No vértice da folha é que encontramos o sentido do verbo em duplicado, do que demos e que vai directo à boca do outro, enrolam-se os sentidos que no caminho feito se transfiguram em sentires. Muito do que saíu de nós não chega ao destino sem uma amarrotadela, um beliscão, um embrulho deformado no tempo dos ares transportarem as palavras ditas para escritas e destas para as ouvidas em voz tentada na imitação.
O que eu te digo e escrevo chega-te com a tua voz ou, numa tentativa de aproximar a realidade em plano único, com a minha clonada.
É assim que escorregam as intenções, as malformações do querer.
Eu não tinha intenção de te dizer isto ou aquilo, deformaste as minhas palavras ou, não ponhas palavras na minha boca.
Pois não.
As palavras são minhas e são tuas mas não servem dois senhores em simultâneo. Caprichosas, de amante único. E brejeiras que também se dão ao paladar de quem as sabe dizer. Replicadas. Não as minhas. E se por aqui seguir, sustendo a respiração em cada ponto que intervale estas verdades, outras tantas se lerão, já não minhas, mas as vossas vozes em leitura muda pelo peso do que quis dizer.

2 comentários:

marisa disse...

Querida Gasolina,

O que dizes e o que eu leio não será certamente a mesma coisa, mas o importante é que escreves de forma tão bela que é como uma pintura que cada um interpreta como quer.
Estou tão contente por poder apreciar "quadros" novos da tua autoria!
Beijo
marisa

Gasolina disse...

Obrigado Marisa.
É bom voltar aqui e saber-te comigo.

E que graça tería se todos lessemos o mesmo?!


Um beijo