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sábado, 15 de janeiro de 2011

Fabular(es)-9º Ensaio






Logo pela manhã afastava as cortinas e espreitava. Ninguém. À noite, antes de cerrar as cortinas espreitava e ninguém. Achou estranho haver um banco de jardim e ninguém se sentar nele...Bancos de jardim sem gente não fazíam sentido. Tão pouco um pardal, um pombo havía lá visto, uma criança a experimentar um pulo, um velho a repousar as artroses. Ninguém. Pensou num banco pintado de fresco e achou a solução para o afastamento de gentes. Mas dia e noite e noite e dia teríam dado tempo para as demãos secarem e ainda sim ninguém se sentava, ninguém reparava que havía um banco de jardim sózinho à espera de gente que o usasse.


Naquela tarde, em vez de espreitar pelas cortinas afastadas, enfrentou o banco e mirou-o bem. Sentou-se. Dali vía a sua janela com as cortinas abertas. Mas não se vía a ela. E pensou que uma janela sem gente não fazía sentido. E desejou ser ela lá na janela e manter-se ela ali sentada no banco de jardim. E uma árvore despontou ao lado dela. E vieram os pardais, depois as crianças e um par de namorados. E ela fechou os olhos feliz pelo banco de jardim. E quando os abriu, cerrou as cortinas da sua janela.

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