Como um bago de carvão que se apanha entre dedos negros e se risca o jogo do galo na esperança que o adversário caia na grade descurando a janelinha aberta, assim - oh inocência! - peguei nas minhas dores e inventei-lhes outro dono. Não são mais minhas, escrevo-as, não as amarguro ferida, permito-me uma doce e ténue vertigem pelos que padecem comungados em qualquer coisa que um dia pareço ter experimentado, lamento-lhes a perda, a injustiça e até os animo, incito a melhores horas, levanto-me e fecho o caderno.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
12 comentários:
Que assim quando tiver que ser...
Beijocas e não desapareça!
Olá... a árvore continua dando frutos perfumados que apelam aos sentidos...provei e achei-os deliciosos!
Obrigada pela visita à minha janelinha.Bjo!
Negro o ®)isco no branco….
como verde no cinza… e, as d o r es a metamorfosearem-se
a flor azul na ©inza de neve…. f ®io e o ©alor da lareira
©hama que na!ma os gravetos humedecidos e as faz as brasas mais belas e longas…
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Abres um novo caderno… ou escreves na cinza…
...
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beijinhos
As dores, assim partilhadas, ficam muito mais leves e suportáveis. E, quem sabe?, talvez algumas se libertem na viagem...
um caderno ainda com muitas folhas em branco?
Às vezes é preciso. Mas por favor, volta sempre aqui.
Já o pressentia: chegava cá o pobrezinho do costume e caderno fechado. E agora cadê a minha esmola alimentar? (leia-seespiritual). Lá vou passar o resto das férias a ver navios, embora do sítio onde me encontre também não distinga uma nesga de água, a não ser a do chafariz onde - pela calada da noite, lavo os pés, doridos de tanto caminhar na ânsia de encontrar almas caridosas que me cedam um naco do seu pão ou uma sopa de letras. Resta-me voltar atrás, nos dias da semana.
Abraço do Legível Caranguejo.
Consigo também, por vezes, tranformar-me em espectador da minha própria vida. Ela corre no palco. Eu assisto.
Mas só às vezes...
Ernesto, o avô
Ficam guardadas na tua escrita, continuam tuas.... as dores.
E assim deve ser: escrever as dores com tinta fácil de apagar.
Bjins
Acho que esse truque, por demais conhecido, já não pega. É como o jogo do galo, que só se ganha uma vez na vida: a primeira. Que, curiosamente, é a última. Pois... lá vão as dores a gemer de raiva, apertadinhas no caderno fechado. Beijos.
... já não tenho certezas se deixei aqui um comentário ou não. De qualquer modo não guardo nas pernas indícios de esfooooooorço* saltitante de janela em janela num jogo que já se vai perdendo na memória de outros tempos.
Fizeste bem em inventar outro dono às tuas dores. Divide-se assim o mal pelas aldeias da Blogo-Esfera esperando-se que a indústria farmacêutica não negue os genéricos a que todos temos direito.
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