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quarta-feira, 5 de maio de 2010

O bater do coração (cinco)

Não está lá ninguém, já não está lá ninguém e ainda assim não consigo deixar de abrandar os passos que ainda à coisa de segundos eram meus escravos e obedecíam à razão. Perco a razão todas as vezes que sinto o cheiro do caminho que passa perto daquela porta que foi batida tantas vezes por mim, não está lá ninguém, tento ver a janela, a cortina a apertar-se na mão forte e grande dele, ou os vidros a encandearem o Sol já baixo e por isso não posso ter a certeza que de não esteja lá ninguém. Mas não está, é o peito que mo diz na falta de ar. Não está lá ninguém e prossigo devagar, tem de estar, não está certo que não esteja ninguém comigo tão perto, basta bater à porta, assobiar e esperar que assome à janela, ele, ele à janela a dizer que eu suba. Apuro o ouvido, tão pouco me chega o meu nome, não há voz, não há silêncio que me permita escutá-lo, não há ninguém. Há cinco anos que espero avistá-lo cada vez que por ali passo e que sei que não está ninguém.

2 comentários:

Vicktor Reis disse...

Querida Gasolina

Que bonito texto sobre uma procura constante na certeza de que não encontraremos o procurado...

E por que não?

Beijinhos.

Rui Fernandes disse...

todos temos o nosso d. sebastião