Mês doze.
No topo. Ou no fim, na queda, na correría desenfreada após a íngreme ascensão de me achar curvada, mãos nos joelhos e olhar perdido em tropeços.
O tempo de sentar, ajeitar o ar último ao peito não dá tréguas, servem-se as memórias do corrente em fatias mais ou menos generosas no próximo que se há-de escalar. Lembrar-me-ei de outros degraus e descuidada de outras vezes, achar-me-ei num salto de gazela que acaba na armadilha enredada dos sentimentos, debato-me sabendo de antemão que a corda asfixia o nó mas solta cores novas, brilhantes e a progressão da luta é receber o golpe dignamente.
Achei que o mês doze sería a glória, é tão só uma folha a mais.
A última que resistiu.
Subo a árvore, arranco-a e guardo-a no meu caderno.
(in Calendários, Dez/2008-C.G.)
16 comentários:
Como é belo e parecido com o meu, este dezembro...
Curvo-me ante as tuas palavras.
Não as guardes nunca só para ti, querida Gasolina!
Olá boa noite
Palavra nem uma nuvem por estes lados como hoje, em compensação frio de rachar e geada que dá para quebrar.
O seu texto está rimado e lindo nos argumentos.
Amizade
LUIS 14
CAIU A ÚLTIMA VELHA FOLHA DO CALENDÁRIO DA ÁRVORE.
AGORA, COMPLETAMENTE DESPIDA,
ESTÁ ENFIM PRONTA PARA O ABRAÇO DO NOVO AMANTE QUE VIRÁ NO LUAR DE JANEIRO!
BEIJO DESFOLHADO, MAS ESPERANÇOSO!
se levas a árvore, leva-nos a nós também e avisa quando a replantares.
um beijo (de até sempre?...)
marisa
fica a certeza de que novas folhas virão.
Laura,
Como é bom ter-te perto.
Com as palavras que unem e fazem pontes, encurtam distâncias e partilham Dezembros.
As folhas da Árvore são de quem gosta da Árvore, já não são minhas.
Um beijo para ti
Luís XIV,
O frio é geral.
Pode ser que a neve dê um ar de sua graça para meu contentamento...
Rimei?
Olha... não tenho habilidade nenhuma para isso... Mas agradeço as tuas palavras.
Fica bem.
ASPÁSIA,
É ISSO MESMO.
PODE PARECER MORTA, TRISTE E ESQUELÉTICA NOS SEUS GALHOS.
MAS BASTA UM FIO DE LUZ PARA QUE O VERDE-NOVO UM DIA DESTES A VOLTE A VESTIR, FOLHA APÓS FOLHA.
BEIJOS À JARDINEIRA DE SERVIÇO.
Marisa,
Replantar?
A árvore tem raízes até ao centro da terra! Eu era lá capaz de a arrancar daqui! Nem ela me deixava!
E beijos até sempre, sim.
Quem se quer bem nunca se despede.
Pront'habitar,
Muitas folhas.
Mesmo que surjam pequeninas como as de um bonsai.
Gas,
"corda asfixia o nó mas solta cores novas, brilhantes e a progressão da luta é receber o golpe dignamente."
E a vida não é isto mesmo??
No meio da asfixia há uma brisa que sopra e lhe dá cor ao cinza!
Pois a árvore está despida, imagino-a esquelética, imagino doze galhos despidos de folhinhas escritas por ti, folhas que nos trouxeram cor, mesmo por vezes com lágrimas escondidas a quererem saltar, jorrar, umas de alegria, outras de tropeços, mas tropeços que fixaram sempre esta árvore cada vez mais, criaram raízes fundas. Hoje como o frio continua por aqui, imagino a árvore esquelética e branquinha, mas a reflectir tanta cor tal como tu e a aquecer-me tanto esta árvore. Bendita seja!
logo, logo, começaremos a ver pequenos rebentinhos e aparecerá o verde de novo...
Esta árvore tem folhas especiais, podem até cair, mas ficam guardadas no meu coração.
Jito,
Sony um beijo cheio de cor para ti.
Sente-se a pintura do tempo nas tuas palavras.
Muito belo!
Desta vez interpretei mal a tuas palavras... (ainda bem que a minha interpretação estava errada!). Pensei que tinhas levado a árvore contigo, aquele "arranco-a" liguei-o à árvore e não à folha. Seja como for, estou muito mais feliz...
beijos sempre e até sempre
marisa
Sony,
Que palavras tão bonitas.
Esperemos que sim, que a árvore aguente até esses rebentos verdes se mostrarem.
Senão terá de acabar de outra forma: dignamente na chama de uma lareira.
Um beijo Formiguinha.
CNS,
Há tempo, há tempos, há espaços, há olhos que por vezes tenho de fechar para não me ferir.
Um beijo C, com muita admiração.
Marisa,
Quando tal acontecer -se acontecer, que eu sou tinhosa- saberás.
Encontrar-nos-emos onde aqueles se querem bem.
Um abraço em ti e um beijo.
Enviar um comentário