Queima, morde a lingua, sopra, poisa, lê. Mão. Dedo, dedos. Olhos. Tudo olhos. O esganiço do galo alerta as horas. Cedo, noite ainda, nem pisco de luz a lembrar que a madrugada se deita cansada do seu turno sem folga. Pouco tempo, escasso tempo, raro tempo. Dedos, todos os dedos das mãos e ainda os dos pés e ainda os do pensar e acrescentam-se-lhes os dedos do coração, ainda assim ausência de mais para o que precisa fazer. Tempo, corre tempo que correm atrás de ti, tu veloz, ágil, frágil, fumo de cigarros perdidos entre fumo de calores, entre fumo de mãos e dedos que não acompanham o fumo do sentir nem os olhos a mais que seguem tudo nas linhas marteladas à procura do climax que ainda está longe, por agora calor, calor a inundar em vagas molhadas a boca, a lingua queimada que sopra palavras em sussurros mudos e dedilhados no atropelo de frases, tempo, tempo, azuis e anil escorrem pelas cortinas que acordam à brisa, tarde, o tempo ganhou...
Bebo o café. Frio.
6 comentários:
eu corro atrás do tempo e ele atrás de mim
bom fim de semana
beijos
Por vezes sentimo-nos mesmo vencidas pelo tempo ... mas acho que tu consegues superar o tempo.
Beijo
BF
O tempo por vezes parece-nos passar demasiado rápido... nem com todos os dedos possiveis e imaginários conseguiríamos fazer tudo o que temos projectado fazer!
Principalmente os assuntos do coração!!
Esses são terríveis e na madrugada ainda mais, o tempo na madrugada corre, desaparece sem sentirmos...noites atribuladas estas preenchidas de palavras e sentires!
Um beijo,
Sony
*li o teu texto em voz alta!!! FANTÁSTICO!
Carla,
Eu não sei se corro atrás dele, se ele atrás de mim, se ele corre comigo. Uma coisa é certa: eu fico sempre aquém.
desejo-te uma óptima semana.
Com um beijo da Árvore
Papoila,
(sorrio)
Quem dera que eu tivesse esse poder todo!
Esticar os bons momentos e encolher os menos felizes. mas não sou diferente dos outros. queixo-me porque me escapa.
Um beijo grande para ti papoila dos Girassóis
Sony,
Desde a hora do lobo até ao nascer do dia há um fascinio que me atrai ao papel e me faço prisioneira das palavras. Não há tempo que me console. Não há palavras que o retenham.
Um beijo Formiguinha.
Ps.: obrigado. Tu sabes.
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