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domingo, 27 de abril de 2008

Distância para tudo ver



Calma, clara, coerente, constante, C.. De G. Volto na volta de mim mesmo, erguida do meu interior analisado ao microscópio e com a imperiosa e satisfeita necessidade de me ter distanciado deste mundo para o abarcar em todo o seu cenário, aperceber-me da corrosão ferrugenta que alguns pedaços apresentam e da fragilidade de florescências no decrépito achar da sua eternidade.


Ao longe topam-se, enquadram-se os de primeiro, segundo e nenhum plano que dado o destino a que foram feitos são sombras de outros, rebocam-se na projecção do sol às duas da tarde inclinando-se sempre para o mesmo lado, sem suspense, sem surpresa, já se sabe o que se vê, o que se lê.

Recortam-se os da simplicidade na exibição da pura cor: o que se obtém é o que é, seja no fulminante nu seja na diluição no horizonte, rx's de si mesmos que atiram para o escárnio fotogramas manipulados no composto fugaz da ausência de alicerces.

À distância come-se todo o palco e satisfaz-se o gosto do sabor panorâmico na acção dos que sabem o papel de cor e entregam ao ponto os estudantes cábulas que amanharam no encosto a salva que aguardam.

Por vezes sabe bem estar entre o publico, bater palmas e vaiar.

14 comentários:

Teresa Durães disse...

ser espectador desta vida

Gasolina disse...

Teresa,

Nem mais!

Phantom of the Opera disse...

Mesmo de fora tudo tem um sentido.
Há um propósito para cada existência.

Beijo

Gasolina disse...

Nocturno,

Há sim.
Mesmo que custe a ver por estarmos demasiado perto.

Um beijo

PS.: Obrigado meu Querido.

Daniel disse...

Olá Gasolina

Do bom texto, assaltou-me a agradável ideia de estar num meio de uma muldidão, como se estivesse só e aplaudir ou vaiar.
Podia parecer covardia, mas por vezes faria bem sensilidade de alma.

Daniel

Anji disse...

Olá

Laura Ferreira disse...

mas é tão bom estar dentro... eu vou estar, proximamente.
gostava muito que viesses ver o meu trabalho. já sabes, se por acaso estiveres no porto entre 26 e 31 de maio...

Gasolina disse...

Daniel,

Pois ainda bem que foi essa a idéia que te ressaltou! Foi exactamente isso que senti ao escrevê-lo:distanciar-me da blogoesfera, assisti-la, aplaudi-la e vaiá-la.

Não o encaro como covardia. Sinceridade.

Um abraço Daniel

Gasolina disse...

Lumiel,

Olá também para ti.

E?...
Falta qualquer coisa não?!

Gasolina disse...

Laura,

Tenho muita vontade de te ver em palco, muita mesmo.

Mas esses dias vão coincidir com o inicio das minhas férias e nem sei se estarei em Portugal tão pouco...

No entanto, sei que um dia te vou aplaudir. Isso é certo.

Um beijo

ASPÁSIA disse...

GAS

POR VEZES HÁ QUE DEIXAR O PROTAGONISMO DESGASTANTE DA RIBALTA E PASSAR A SIMPLES ESPECTADOR...
HÁ QUE SABER RESPIRAR ENTRE OS DIVERSOS ACTOS DE UMA PEÇA TEATRAL! OU ENTÃO A PERFORMANCE SERÁ PREJUDICADA...

BEIJINHO ESPECTADOR :)

marisa disse...

este texto adapta-se bem à observação perspicaz do mundo, seja ele o virtual ou o real. a distância por vezes é necessária, nem que seja só para escrever um belo e profundo texto como este.

beijo

Gasolina disse...

ASPÁSIA,

DISSESTE TUDO: RESPIRAR.
A BAILARINA SABE QUE É VITAL RESPIRAR NO TEMPO CERTO OU ENTÃO NÃO AGUENTA A SUBIDA.

COMO SEMPRE, ESTÁS COBERTA DE RAZÃO.

E EU RESPIREI. SOUBE BEM. TROUXE LUCIDEZ.

BEIJO BEM REPENICADO!

Gasolina disse...

Marisa,

Como sempre a ternura nas tuas palavras aliada a um RX perfeito da minha escrita. Seja real , seja virtual.

Um beijo