Paira no ar aquela espécie de tempestade pressentida que vem a caminho mas não há meio de dar sinal evidente que vai acontecer.
Fica aquela sensação receosa de querer saír do abrigo sem saber muito bem quando o deveremos fazer, certos que será na altura da saída que ela nos cairá na cabeça. Na cabeça fica o capacete, moídor, com pretensões a torno, que não é bem dor à séria mas perturba a visão e a lucidez do pensamento.
E as pessoas de cabeça pendente escondem o rosto da vida, o sorriso dos outros sorrisos, um respeito pela atmosfera fechada, o corpo fechado ao vento guarnecido a negras cores que este é um tempo de escuridão. As mãos atam-se em bolsos, presas no movimento de dar, oferecer, cuidar, afagar outrém.
Quer-se e precisa-se mas envergonha-se a demonstração - que este ar é austero e pressagia trovoada - não vá esta castigar quem quer ser feliz.
É o silêncio que ensurdece na palavra parca. Mais audível porém, que se ouve o gume a silvar na carne.
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